Os hispânicos dos Estados Unidos mostraram terça-feira a sua força eleitoral ao votar em massa pela reeleição do presidente americano Barack Obama, apesar de este ter quebrado várias promessas feitas a essa comunidade.
O presidente conseguiu, inclusivamente, convencer a Flórida, estado que parecia ter esquecido a sua vitória em 2008.«Os latinos tiveram um papel-chave na configuração da paisagem política da nação esta noite, o que mostra que podem influenciar as eleições como eleitores e buscar com sucesso assentos no Congresso como candidatos», disse Arturo Vargas, diretor executivo da Associação Nacional de Funcionários Eleitos e Designados (NALEO), em comunicado divulgado na noite de terça-feira.
A NALEO antecipou que 12,2 milhões de hispânicos - a maior minoria do país, com 50 milhões de pessoas - votariam na terça-feira, do total de 24 milhões de eleitores de origem latina registados.
«Os primeiros resultados mostraram que o voto hispânico teve um impacto crucial nos estados de maior disputa, o que demonstra que a corrida pela Casa Branca mais uma vez contou com a decisão do eleitorado latino», explicou Vargas.
Os latinos em estados-chave de grande população hispânica apoiaram massivamente Obama: como no Colorado, com 87% dos eleitores, no Arizona, 79% e no Novo México com 77%, de acordo com uma pesquisa divulgada na terça-feira pela empresa de mídia ImpreMedia e Latino Decisions.
Resta confirmar as projeções que dão a Obama até 75% do voto hispânico a nível nacional, segundo uma sondagem à boca das urnas e da empresa Latino Decisions.
Em 2008, Obama teve mais de 60% do voto hispânico com cerca de 9,7 milhões de votos.
«Obama é o homem certo para ser eleito depois de o Partido Republicano deixar de ser o que era e se deixar influenciar por membros muito conservadores que querem tirar benefícios sociais que pertencem a todos nós», declarou à AFP Joe Olazaga, um corretor cubano-americano, de 54 anos, no centro eleitoral de um município de Miami.
Embora a contagem de votos continuasse na madrugada da quarta-feira na Flórida, com uma disputa muito renhida entre Obama e seu rival Mitt Romney - horas após este admitir derrota - no sul do estado, antes bastião do poderoso voto cubano republicano, o presidente melhorou muito o seu desempenho em comparação com as eleições de 2008.
Pela primeira vez, o presidente ganhou no chamado voto ausente, modalidade tradicionalmente ganha pelos republicanos no condado de Miami-Dade, de acordo com o diário The Miami Herald, que enumerou os marcos alcançados por Obama nesse estado-chave que oferece o maior número de delegados para se chegar à presidência: 29 do total de 270.
O presidente democrata também venceu no centro do estado, justamente onde se estabeleceu nos últimos 10 anos uma importante comunidade porto-riquenha, que deu um contrapeso democrata ao voto republicano dos cubanos.
De acordo com pesquisas à boca das urnas, Obama teve 60% e Romney 30% do voto hispânico na Flórida. Há quatro anos, a surpreendente vitória sobre o então rival, John McCain, foi bem mais estreita.
Além do sonoro apoio latino ao presidente, outro hispânico, o republicano de origem cubana Ted Cruz, apoiado pela ala republicana de ultradireita Tea Party, ganhou um posto no senado, juntando-se a outros dois senadores hispânicos: o seu correligionário Marco Rubio e o democrata Robert Menéndez.
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